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Hotelaria e Turismo em Portugal

Novidades, curiosidades, notícias, tendências e artigos de opinião sobre a hotelaria e o turismo em Portugal.

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Qui | 01.06.17

AMOMA.com – Opiniões e Informação sobre Quem São!

Temos tido aqui muitas perguntas sobre a Amoma, por isso, aqui vai!

 

Desde que se estreou no seu lançamento no mercado em 2014 a agência de viagens online Amoma sempre levantou suspeitas.

 

É fácil perceber o porquê da desconfiança!

 

Um recém-entrado no mercado das OTAS (agências de viagens online) que rapidamente aparece muito bem posicionado em alguns dos principais meta-search mundias como a Trivago, Kayak ou Skyscanner, levanta sempre algumas suspeitas.

 

Maior suspeita, pedidos de opiniões e informações sobre a Amoma se levantaram quando o mercado começou a verificar que de forma sistematica a Amoma apresenta tarifas mais baixas que as principais referências neste mercado online, como são a Booking.com, Expedia, Hotels.com, TravelRepublic ou Orbitz.

 

 

amoma logotipo

 

 

Então quem é a Amoma?

 

A Amoma é uma agência de viagens online com aparente ligação à antiga Olotels e Planigo. A Planigo e a sua empresa mãe QCNS faliram em 2010 e a Olotels que deu uma de “David Copperfield” e desapareceu em 2014...

 

Referências:

 

 

 

 

Como é que a Amoma tem preços mais baratos?

 

O modelo de negócio da Amoma é receber preços directamente de Tour Operadores com distribuição online como a Hotelbeds / BedsOnline, Abreu Online, MTS / OTS, Miki, GTA, Tourico ou Expedia.

 

Estes operadores recorrem a alguns “truques” (sim, também são uma parte do problema#) e contratam preços estáticos (as tarifas FIT, acrónimo de Fully Independent Traveller), mas depois alimentam a Amoma e outras OTAs com esses preços, que por vezes são mais baixos que os preços de venda ao público (PVPs) encontrados online em até 25-30%!

 

Estes operadores normalmente recebem estes preços descontandos, com o racional de que eles apenas são distribuidores dos mesmos para outras agências de viagens e/ou outros operadores, logo, os 25% de desconto servem para que esse operador retenha uma % do valor e passe o restante através da cadeia de distribuição até que o valor de venda ao público seja igual ou superior aos 200 €.

 

Infelizmente, muitos operadores exclusivamente online ou híbridos (com capacidade de distribuição online e offline) utilizam estes preços FIT para alimentar directamente as agências online e ainda pior, sem colocar o markup correcto.

 

Exemplo:

 

 

Fiz uma pesquisa por um hotel de 4* em Praga e após alguma pesquisa fiquei inclinado para o Hotel Grand Majestic Plaza (fica muito perto da praça da cidade velha).

 

A data escolhida foi de 02 a 05 de Agosto, 2 pessoas, e os preços que encontrei na Trivago exemplificam o que se passa no mundo da distribuição hoteleira...Assim já é mais fácil perceber o porquê dos grandes descontos online.

 

 

Na Trivago, estão vários preços disponíveis que são mais baratos que na Booking e no próprio site do hotel. 

trivago precos mais baratos que no site do hotel

 

 

 

 Na Roomdi (parte da Traveltool, do grupo Logitravel, mais uns depois da 7ideas):

 

roomdi preco mais barato via trivago.png

 

  

 

Para não existirem dúvidas de que a Roomdi é mesma a Traveltool / Logitravel:

 

 roomdi pertence a traveltool logitravel

 

 

As contas até nem são difíceis de fazer:

BAR Flexível  = 200 € (PVP para estadia de 1 noite, encontrado no site do hotel ou na Booking)

Tarifa FIT = 150 € é o preço dado a um operador (200 € - 25%).

 

O tour operador faz um markup de +10% sobre os 150€ (150 € + 10% =  165€) e envia para um site (OTA) que coloca +15% de comissão =  189,75€ PVP.

 

Ora se o site do hotel vende a 200 € e na internet, um operador vende a 189,75 €, é muito provável que a compra aconteça fora do site do hotel (toda a gente gosta de poupar)...

 

Agora que já sabemos porque isto acontece e para não nos desviarmos muito do tema, vamos olhar um pouco para o perfil dos gestores da Amoma.

 

 

 

 

Porque é que a Amoma não é um negócio sustentável

 

Então se eles estão a receber tanto tráfego e garantem tantas reservas - o que é um facto indesmentível, porque razão são um negócio insustentável???

 

Boa pergunta :)

 

É que a grande maioria do tráfego deles vem directamente do seu posicionamento em Metasearchs – principalmente na Trivago (imagem 1 e 2), logo é tráfego pago, ao contrário do que acontece quando alguém pesquisa directamente no Google e encontra o seu site, ou melhor, quando volta ao seu site porque já o conhece.

 

Como recebem uma comissão média de 10-12% sobre as reservas confirmadas e os custos para estarem presentes na Trivago são entre 7-8% no caso deles (porque investem dezenas milhões de euros), é fácil perceber o que poderá / irá brevemente acontecer caso continuem com este modelo de negócio (é claro que o desejo deles é ir agarrando os clientes e torná-los clientes leais, mas não esquecer que o cliente foi primeiro ao metasearch...).

 

Caso continuem assim, vão acabar por implodir como a Planigo e a Olotels, que os predecederam!

 

 

Imagem 1

62,48% do tráfego total é de referrals. Os referrals (a verde) são a grande maioria do trafego e vem maioritariamente de sites tipo metasearch. 

 

similarweb analise do site amoma - fontes de trafe

 

 

 

 

Imagem 2

Os principais "fornecedores" de tráfego são metasearch como a Trivago, TripAdvisor ou HotelsCombined.

 

amoma maioria do trafego vem de trivago meta.png

 

 

 

 

Em conclusão

 

Seja a Amoma, Roomdi, 7ideas ou qualquer outra, estas agências de viagens online são muito suspeitas e baseadas num modelo de negócio que esconde o “sol com a peneira”.

 

É verdade que toda a gente tem de ganhar a vida, mas será preciso mesmo mais explicações para perceber que mais dia menos dia, estas “empresas” tendem a fechar as portas?

 

Depois de várias falências, sempre com os mesmos prejudicados (hotéis, clientes e operadores honestos), seria bom que todos aprendessemos depressa a lição.

 

 

Abraço

João

 

 

 

Notas.

 

Este post não pretende dar a entender que a Amoma, Roomdi ou qualquer outra empresa aqui mencionada conduz o seu negócio de forma ilegal ou propositadamente ilícita. Ainda assim, pretende-se chamar a atenção para aquilo que se considera um comportamento de risco.

 

# Muitos tour operadores baixam markup não porque isso esteja na sua génese, mas porque tem de sobreviver e caso não o façam, não alimentam muitas destas agencias de viagens online que depois acabam por (num processo automático) selecionar outros fornecedores i.e. tour operadores.

 

 

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